A defesa da democracia do cidadão comum

O cidadão comum preocupa-se com sua liberdade e a avalia de acordo com a realidade tangível, palpável, perceptível, à luz de fatos concretos, não de narrativas artificialmente construídas ou mesmo importadas

Por Rodrigo Sias e Raphael Piffer

Desde a eleição de Bolsonaro, em 2018, o conceito de “Estado Democrático de Direito”, termo de uma cadeira jurídico acadêmica denominada “Teoria do Estado”, entrou definitivamente no discurso de massa. Pretende-se convencer a população de que este tema é mais um daqueles discutido em qualquer ambiente, por qualquer um. Ao que parece, surpreendentemente, todo brasileiro além de ser técnico de futebol, também passou a opinar sobre Teoria do Estado, compreendendo a evolução do pensamento desde Hobbes até Habermas.

Todavia, a grande maioria – o “cidadão comum” – não se preocupa absolutamente com a ciência jurídica e a pirâmide normativa, nem com teoria do Estado, nem com a legitimidade de atos burocrático estamentais. Provavelmente nem sabe o que significam esses termos tão nobres e distintos e, talvez, de fato, com razão, nem se interesse por isso.

O cidadão comum preocupa-se com sua liberdade e a avalia de acordo com a realidade tangível, palpável, perceptível, à luz de fatos concretos, não de narrativas artificialmente construídas ou mesmo importadas.

Quando o cidadão comum pensa em liberdade, na sua visão prática, se lamenta não por moinhos de ventos de uma intervenção fictícia de uma força militar sobre sua vida ou de Poderes da República violando os comandos do sistema de freios e contrapesos, mas pela turbação que tem sofrido na sua liberdade individual básica de trabalhar, na perda de sua renda familiar, na privação de sua liberdade de locomoção, com a  ociosidade e perda do ano letivo de seus filhos, com os gastos mal justificados de Estados e Municípios na Saúde Pública, dentre outros, digamos, “inconvenientes”.

Por sorte, não apenas o cidadão comum se preocupa com essas necessidades práticas, já chamadas por outros acadêmicos de outros tempos, de liberdades individuais. Neste fim de semana, foi paga a segunda parcela do auxílio emergencial, pela Caixa Econômica Federal. As tão criticadas filas noticiadas de forma tão ostensiva no pagamento da primeira parcela desapareceram por completo. Em um mês, o banco estatal eliminou as longas filas, o pernoite de pessoas à porta das agências, as aglomerações, a ansiedade da população sem renda e impedida de trabalhar e os problemas tecnológicos.

Desde sábado, foi permitido o saque da segunda parcela a 30 milhões de cidadãos comuns, que receberam os depósitos nas contas digitais. Infelizmente, esse fato diretamente relacionado à liberdade e ao sustento material do brasileiro não foi tão extensivamente noticiado quanto outros lamentáveis incidentes. Talvez este esforço silencioso em mitigar a limitação às liberdades individuais não seja visto como relevante pela grande imprensa.

Infelizmente, a democracia cuja defesa é tão alardeada por todos os lados parece se mostrar como um paciente em estado crítico, também a necessitar de algum tipo de respirador por ter sido contaminada por um mal contagioso. Nestes últimos dias, temos visto cenas lamentáveis de badernas e arruaças nas ruas do País, promovidos pelos tais Antifas.

É impressionante como o debate saiu do campo das ideias e passou a se valer do ódio e da violência física ou moral. Em uma cobertura dos fatos lamentável, vandalismo e quebra-quebra foram exaltados pela grande mídia como forma de manifestação legítima. Anos de materialismo e relativismo ideológico intelectualmente difundido, propagado e defendido conseguiram criar narrativas para justificar e mentes para executar o paradoxo da supressão física das vozes adversárias como meio de defesa de um regime calcado na liberdade de manifestação.

Enquanto os Antifas promovem destruição e confrontos contra a polícia em defesa de suas ideologias políticas, o cidadão comum continua tentando sobreviver a uma inatividade forçada por uma pandemia importada, que, neste fim de semana, inesperadamente, saiu do noticiário. Talvez o vírus também seja prosélito político “antifascista” e tenha “desaparecido” para impedir as tais manifestações “anti-democráticas e autoritárias” que viriam – pasmem – de famílias, casais e “tiazinhas do zap” que carregam a bandeira brasileira e não de grupos de preto que usam a violência e destroem propriedades.

Há moinhos de vento a queimar em nome da “democracia”.

Artigo originalmente publicado em 15/06/2020 no Diário do Comércio

Acesse o artigo original AQUI.

 

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *