Nota sobre o falecimento do filósofo e professor Olavo de Carvalho

Nota sobre o falecimento do filósofo e professor Olavo de Carvalho

Na noite do dia 24 de janeiro de 2022, deixou de pensar o maior pensador do Brasil. Nosso país ficou órfão de seu filósofo. Seu legado é gigante e a lacuna que sua morte abriu é inestimável. Olavo fará falta. Muita falta.

Os membros fundadores do IBCON receberam com tristeza a notícia. Para quem não sabe, a própria existência do nosso instituto se deve à inspiração direta das ideias do filósofo que agora nos deixa em direção à morada celeste.

Nosso luto, entretanto, há de durar pouco, pois confiantes nas promessas de Cristo, sabemos que a alma do nosso querido Olavão já está sendo recebida pelo nosso Deus misericordioso e sua Mãe Santíssima.

Olavo era um devoto católico – rezava o terço todos os dias – e acreditava que é morrendo que se vive para a vida eterna. Sua existência perdurará em seus livros, suas aulas, seus vídeos, nas lembranças dos seus alunos, e, acima de tudo, no seu exemplo de vida dedicada à causa da verdade.

Por conta do seu apostolado em favor do conhecimento, Olavo talvez tenha sido a maior vítima de calúnias e fakenews da história do Brasil, quiçá do mundo contemporâneo. Ao enfrentar sozinho a hegemonia de décadas da esquerda no mundo cultural e político brasileiro, colocou-se em combate contra uma enorme máquina de difamação e destruição de reputações. Mas venceu e provou que a força da individualidade pode derrotar a tirania da autoridade coletiva.

Sua estatura intelectual e a força de sua personalidade marcante foram capazes de furar a bolha esquerdista e abrir uma enorme fenda que, por fim, iniciou a derrocada da esquerda.

Há ainda muito o que fazer, mas o pioneirismo de Olavo foi diretamente responsável por alterar permanentemente o balanço de poder no país. Ele não apenas criou um novo ambiente cultural no país, dando origem a uma nova geração de intelectuais e políticos. Ele também salvou o país de uma imbecilização sem precedentes na história mundial, acendendo uma luz no fim do túnel.

Sua contribuição ao debate intelectual é universal e passa fundamentalmente pela filosofia, mas também pela sociologia, história, religião, política, simbologia, geopolítica, literatura, jornalismo, psicologia, dentre outros campos.

Olavo nos brindou com uma original interpretação de Aristóteles, com sua teoria dos 4 discursos; destrinchou a chamada “mentalidade revolucionária” e seu discurso mendaz; descobriu o fenômeno da paralaxe cognitiva e seus efeitos nas filosofias modernas; nos brindou com análises simbólicas magníficas e profundas; nos ensinou sobre a teoria do conhecimento pela presença; sua análise do indivíduo e as 12 camadas da personalidade são extremamente ricas, com a dimensão da eternidade.

Desenvolveu uma metodologia de sociologia e história baseada na teoria das castas e dos agentes históricos; e contribuiu com a teoria geopolítica ao identificar e caracterizar os três planos de impérios mundiais que disputam a primazia e controle do mundo.

Ao mesmo tempo em que nos advertiu sobre a crise da Igreja, ensinou-nos sobre espiritualidade e sobre a riqueza do catolicismo, levando a incontáveis conversões entre seus leitores, ouvintes, amigos e alunos.

Seus artigos de jornal eram verdadeiras pérolas de sabedoria, em especial, as mensagens natalinas e de final de ano. Nas polêmicas, deixava os adversários desmoralizados expondo as falácias lógicas e suas dialéticas erísticas.

No campo político, atuou como observador, como analista e como agente, denunciando e dando publicidade sem cessar aos planos do Foro de São Paulo e à estratégia gramsciana da esquerda brasileira, sofrendo todo o tipo de boicote e perseguição, como dito anteriormente.

Previu com antecedência a tomada de poder total da esquerda, a decadência cultural do Brasil e os planos políticos que desaguariam na maior crise política, econômica e moral da história do país. E, depois foi o “parteiro da nova direita” como ele mesmo definiu sua participação no despertar das novas forças políticas. Como Bolsonaro já escreveu, sem Olavo, ele próprio não seria o presidente.

“Olavo tem razão”, como diziam diversos cartazes em protestos e movimentos de rua desde 2013 e que continuam a aparecer até hoje. E de onde vinha essa autoridade? Vinha dele mesmo: ele era o autor da sua própria obra. E com essa autoridade, educou milhares e milhares de alunos.

Ele também trouxe praticamente sozinho milhares de autores desconhecidos do público brasileiro, que oxigenaram o mercado editorial e cultural do país. E, com isso, criou espaço, na marra, para a livre circulação de ideias.

O professor sempre soube que o pensamento de um autor tem maior impacto após sua morte. Se não há um debate no Brasil contemporâneo que escape de sua influência, sua presença continuará a ser sentida por séculos através de suas ideias e de seus discípulos, não só no Brasil, mas no mundo.

Nas suas aulas de fenomenologia do poder, aprendemos exatamente isso: o poder de maior alcance é o poder intelectual. E o poder intelectual só se sustenta com a força espiritual. A guerra é cultural, mas, antes, ela é individualmente intelectual. E antes de ser intelectual, travamos o bom combate espiritual.

“Se você não tem o sentido de servir a algo que é infinitamente maior do que você e saber que se você perder a vida nisso não tem importância… se você não tem isto, então você não pode lutar”, disse o professor, explicando de onde vinha sua força interior.

Olavo era, acima de tudo, uma pessoa boa. Todos que o conheceram pessoalmente sabiam que sua escrita e fala demolidora contrastavam com a sua imensa amabilidade no trato pessoal. Como as monstruosas gárgulas das igrejas medievais, o lado polemista era apenas uma barreira com o objetivo de proteger o tesouro que jazia dentro, dos interesseiros e dos “homens de geleia”.

Estamos tristes porque ele morreu. Mas é com a morte que inicia a verdadeira vida. E é pensando na morte que deixamos algo de bom nessa passagem terrena. A verdadeira filosofia começa quando tomamos consciência de que teremos uma morte terrena, porém desfrutaremos da imortalidade espiritual.

“Nenhuma morte é jamais um mal. A morte é o fim da vida terrestre e o acesso a eternidade” como o próprio mestre Olavo disse.

Se Olavo se foi, é porque sua missão aqui já tinha terminado. E ficamos com a certeza que seu necrológio foi cumprido à risca. Que tenhamos a graça de, assim como ele, cumprirmos os nossos.

Ao longo de toda a minha vida, eu nunca tive a impressão que o mortos estão ausentes. Eles não estão fisicamente presentes, mas depois que o sujeito morreu, ele não deixou de ser o que ele era, ele era aquele mesmo e continua sendo e será eternamente. A identidade do indivíduo é imortal e inatingível de algum modo. Então todos os meus mortos queridos…eu não sinto saudades deles. Por que eles estão presentes, eles existem.”

Ora, porra. Não sentiremos saudades, então. Vá com Deus, querido Olavo. Obrigado por sua obra e exemplo de vida. Que descanse em paz.

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